quinta-feira, 27 de abril de 2017

7 games para jogadores LGBT+



   O universo dos games há muito que deixou de ser simples ecrãs pretos com alguns elementos brancos de movimentos limitados e uma dinâmica de jogo simples. A evolução tecnológica trouxe jogos mais complexos, principalmente do ponto de vista gráfico, porém os conteúdos nem sempre acompanharam a evolução da sociedade. Muitos dos jogos ofereciam (e ainda oferecem) personagens femininas hiper sexualizadas, despidas e estereotipadas, homens guerreiros fortemente musculados, num leque restrito e inserido numa escolha binária heteronormativa.

   Ao longo da história dos games as poucas referências LGBT+ encontradas eram estereotipadas e não representavam a realidade; temos o exemplo de Ash, do beat’em’up Streets of Rage 3 (1995), um homossexual efeminado vestido com um casaco e botas de cabedal, um body e collants femininos – Ash, que acabou por ser censurado na versão americana e europeia devido às críticas, continuava a ser uma personagem jogável quando introduzido um código secreto. Outro exemplo é o caso de God of War 3 (2010), no qual Kratos tem relações sexuais com a deusa Afrodite de forma tão máscula que isso leva a que as duas aias se excitem e acabem por ter relações sexuais.

   Hoje em dia temos produtoras de jogos, indie e mainstream, que decidiram incluir uma maior diversidade, quer do ponto de vista da riqueza da narrativa, quer das personagens. Atualmente contamos com diversos jogos com personagens dentro do espectro LGBT+, contribuindo para uma maior representação da diversidade, apostando também na inclusão e na identificação por parte dos próprios jogadores LGBT+.

   A seguir focamos alguns jogos que incluem personagens ou narrativas LGBT+.



The Last of Us - Left Behind

   Em The Last of Us, a complexidade das personagens e da narrativa original é rica. Na história central, já é sabido que Bill, personagem secundária, mantém uma relação homossexual com Frank que é tratada com tanta naturalidade no jogo que quase passa despercebida. No entanto, é no DLC Left Behind que vemos uma das duas personagens centrais, Ellie, a desenvolver a sua amizade e relação com a sua amiga Riley.

   Neste pequeno jogo opcional, que foca principalmente a relação entre as duas garotas, é desvendado ao jogador que as várias referências durante o jogo original à “pessoa amiga/importante”, eram de fato sobre Riley com quem Ellie acaba por trocar um beijo num dos momentos mais emotivos de Left Behind.


The Sims

   Neste conhecido simulador, onde os jogadores podem recriar os diversos passos da vida real, cada Sim pode ser considerado bissexual ou com uma orientação fluída, uma vez que a forma como o jogador interage e se envolve romanticamente com os outros Sims define o desenvolvimento das relações dos Sims.

   No The Sims 4, a opção de casamento está disponível para qualquer casal, independentemente do gênero, e é possível também recorrer à co-adoção de crianças por parte de casais do mesmo sexo. Esta opção fez com que o jogo fosse classificado na Rússia para maiores de 18 anos e proibido para menores por “promover a propaganda gay”. Sobre esta classificação a representante do The Sims 4, Deborah Coster, afirmou “não temos planos para alterar The Sims 4 (...) um dos princípios chave do The Sims é que depende do jogador a forma como quer jogá-lo”.


Dragon Age: inquisition

   Vários dos jogos da produtora de Dragon Age, a Bioware, permitem aos jogadores definir o gênero e a raça, dentro de um extenso conjunto de opções que permite também personalizar a cor dos olhos, cabelo e outros atributos físicos.

   No título Inquisition, da série Dragon Age, além das opções habituais a orientação sexual da personagem é decidida pelo jogador, influenciando o rumo da história e o desenvolvimento da mesma. No entanto, apesar das várias personagens LGBT+ de Dragon Age: inquisition, isso não significa que o romance gay seja automático e garantido, uma vez que é necessário que o jogador consiga despertar o interesse da outra parte.


Gone Home

   Passado em 1995, este pequeno jogo indie foca a história de Kaitlin Greenbriar que após regressar de uma viagem encontra a sua casa vazia, sem os pais e irmã. Por entre as várias pistas e pormenores que o jogador tem de ir descobrindo para resolver o “puzzle”, o romance lésbico entre Kaitlin e Lonnie é parte integrante da narrativa, numa história que foca também o movimento riot grrrl, grunge, concertos e dois pais que não aceitam a relação lésbica da filha.


Mass Effect

   Apesar de na opção default de Mass Effect o Comandante Shepard ser um homem, cada jogador pode alterar o gênero para feminino (entre outras opções como aparência física e qualidades) o que não afeta o desenvolvimento da narrativa, nomeadamente no que toca às relações amorosas. Por exemplo a cientista alienígena Liara T'soni, (da espécie Asari, uma raça monossexual), envolve-se romanticamente com Comandante Shepard, seja homem ou mulher.

 Apesar de no primeiro Mass Effect as opções de relacionamento não serem tão diversificadas, no terceiro jogo o leque de possibilidades é vasto e não trata o gênero como algo limitativo, pelo que há várias opções e ramificações da narrativa no que toca a relacionamentos amorosos.

   Já no mais recente título da série, Mass Effect: Andromeda, apesar de a personagem Scott Ryder poder envolver-se numa relação amorosa com o mecânico engenheiro Gil (com direito a cenas dos dois homens a beijarem-se e a terem relações sexuais), vários fãs queixaram-se de que as relações gay, em termos de envolvimento e representação no jogo, acabam por ser inferiores quando comparadas com as relações heterossexuais.


Overwatch

   A Blizzard anunciou que Tracer tinha um relacionamento com outra mulher, através de uma banda desenhada natalícia, onde se vê a acarinhada personagem a beijar a namorada após lhe ter oferecido um cachecol. Na comunicação oficial, a Blizzard referiu que “como na vida real, ter diversidade nas nossas personagens, nas suas personalidades e histórias de vida ajuda a criar um universo ficcional mais rico e profundo. (...) Desde início que queríamos que o universo de Overwatch recebesse bem os jogadores, fosse inclusivo e que refletisse a diversidade dos nossos jogadores de todo o mundo.”


Life is Strange

   Life is Strange é um jogo episódico, com 5 capítulos, que conta a história de Maxine Caulfiel (Max), e centra-se no efeito borboleta, causas e consequências. Através de Max, que tem a capacidade de voltar atrás no tempo, o jogador tem de evitar que Chloe, uma amiga de infância, seja morta.

   A liberdade na jogabilidade é essencial para avançar no enredo, dando a possibilidade de o jogador optar que Max e Chloe sejam amigas ou namoradas, incluindo mais do que um beijo caso se opte pelo relacionamento amoroso entre as duas carismáticas personagens.

   Envolto numa banda sonora incrível, Life is Strange é um jogo indie que ganhou mais de uma dezena de prêmios e que deixou muitos fãs a questionar-se sobre a orientação sexual e a natureza da relação entre as duas personagens centrais.

- Esta matéria é original do Site Dezanove de Portugal -

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